5 boas práticas de UX em interfaces automotivas

A nova era da experiência em carros chegou para ficar e as telas têm ganhado cada vez mais destaque no interior dos novos modelos. Hoje, as tecnologias automotivas vão muito além do rádio, bluetooth e GPS. Com os novos dispositivos que estão chegando no mercado, é possível parear devices e acessar funcionalidades, como streaming de música e áudio, apps e até manual cognitivo com informações e dicas sobre o veículo.

E já que temos um time de especialistas na área de tecnologia e UX para grandes marcas da indústria automotiva, preparamos algumas dicas importantes na construção dessas interfaces e também para nortear essa nova tendência de infotainment (mídia de informação e entretenimento) daqui pra frente.

1. Empatia para entender as pessoas

Descrever como o público vai interagir com as funções do dispositivo é um dos primeiros passos para pensar em uma experiência de valor, afinal, aplicações são construídas para simplificar tarefas.

Uma das ferramentas que pode te ajudar a destravar e gerar empatia com seus usuários é criação de pequenas histórias, narrando os contextos em que a aplicação pode influenciar na jornada do usuário. A ideia é fazer uma estrutura parecida com essa aqui:

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Contexto: qual história vamos contar?

Exemplo: uma família que busca mais conforto durante uma viagem de carro.

Personas: quem são as pessoas envolvidas?

Exemplo: um casal com um bebê de dois anos.

Conflito: qual imprevisto surgiu?

Exemplo: o bebê, sentado na cadeirinha no banco de trás, começou a chorar sem parar e os pais ficaram aflitos.

Resolução: como melhorar a experiência da viagem?

Exemplo: ao ativar o modo relax, na central multimídia, o ar-condicionado ficou mais aquecido, uma música de ninar começou a tocar e as luzes internas ficaram suaves. Assim, o bebê se acalmou e a família conseguiu ter um momento de tranquilidade e conforto, aproveitando melhor a viagem.

Apesar da tarefa principal ser dirigir, o desafio está na simplicidade. Por isso, é importante praticar a empatia para entender o que seria melhor para o usuário e os desafios que podem enfrentar no dia a dia. Lembrando que tudo deve ser o mais impecável e simples possível, para que não seja preciso pensar para interagir.

2. Interações precisam ser rápidas e diretas

Quando falamos de interações em carros, precisamos sempre lembrar de que a principal função do motorista é dirigir. Partindo do princípio de que ele vai interagir rapidamente com a tela, então os botões, por exemplo, precisam ser maiores do que os de um smartphone ou tablet.

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Além disso, as transições entre as telas devem ser rápidas, mas sem chamar a atenção. Por falar em ser discreto, uma outra boa prática é apostar em interfaces escuras, pois reduzem a distração, reflexos e facilitam a leitura.

Outro desafio de dispositivos automotivos é diminuir as opções dadas aos usuários para que não se distraiam durante a direção. Esse detalhe é fundamental e vem acompanhado do cuidado em usar textos curtos, objetivos e ícones com significados claros, ou seja, que não dão margem à dupla interpretação. Um desafio a parte já que existem muitas funcionalidades específicas dentro de um carro.

3. Principais ações a um toque

A arquitetura de informação é ponto crucial, especialmente quando estamos falando de interfaces complexas que precisam parecer simples. Um exemplo disso é o VW Play, central multimídialançada recentemente e que priorizou funções básicas, mas apostando na simplicidade.

Com apenas um toque, o usuário consegue acessar a área de ajustes e encontrar o que precisa para configurar o painel. O que geralmente é escondido nas outras aplicações, se tornou mais aparente e intuitivo neste novo dispositivo.

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Isso mostra a preocupação da marca em colocar o usuário no centro, conectando ainda mais as pessoas ao carro e disponibilizando rapidamente as funções que deseja para que possa configurar da maneira que quiser, afinal, a customização é uma tendência no setor.

4. Protótipos fiéis para testes com usuário

Boas ideias só são realmente boas quando são validadas com pessoas reais. Esse cuidado é padrão de todo trabalho de UX e tem que ser mantido, principalmente, na construção de interfaces automotivas, pois esse tipo de tecnologia deve oferecer não só informação e entretenimento, mas principalmente segurança às pessoas.

Além de auxiliar na construção das interfaces, também ajudamos grandes marcas a testá-las. Diferente de uma interface mobile e web, a visão de infotainment requer protótipos mais refinados. Isso é importante não só para validar com quem vai usar a aplicação, mas também com as equipes de desenvolvimento.

E, acredite, todos os testes importam. Sejam eles feitos com usuários finais ou até mesmo com pessoas que trabalham no projeto. Uma interface sempre será melhor depois que alguém interagir com ela. Você vai perceber como essa prática traz aprendizados que a solidão do seu computador não é capaz de te mostrar.

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Se tiver curiosidade, uma das ferramentas que usamos na ília digital é o Principle for mac.O software permite construir um protótipo de alta fidelidade sem precisar desenvolver uma linha de código. Na construção de interfaces para carros, demos preferência a usar tablets iOS, que tem dimensões bem aproximadas das versões dos carros. Assim, conseguimos simular situações reais, como se o usuário estivesse dentro de um carro.

5. Comunicação e processos mais claros

Com a nossa experiência em atender marcas globais, sabemos da importância de ter um trabalho bem organizado, estruturado e, principalmente, documentado. Uma boa organização e comunicação nos ajuda, inclusive, na hora de fazer o repasse com os desenvolvedores, que é uma etapa posterior ao trabalho do designer.

Quando fazemos testes de usabilidade, por exemplo, é bem comum planejar um momento para ajustar cores, fontes, textos e até partes da jornada que o usuário teve dificuldades.

O fato do nosso time trabalhar de forma extremamente processual e organizada, já nos ajudou a recriar 300 telas em apenas um dia, isso sem comprometer o andamento do trabalho. E mais importante: garantindo consistência na interface e a autonomia dos designers.

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Por isso, é bem importante que os ajustes, mesmo sendo etapas essenciais, não atrapalhem os prazos negociados. Em nosso processo de design, tudo o que fazemos em um projeto é detalhado e apresentado ao cliente. Esse cuidado é fundamental para fazer entregas refinadas e de valor.

A experiência é para todos

A parte mais legal de interação é que a tecnologia será disponibilizada para vários tipos de veículos daqui pra frente, atendendo a públicos diferentes. Grandes marcas, como Fiat, Ford, Volkswagen, entre outras, já estão apostando nisso em modelos mais populares.

Essa tendência mostra que as pessoas estão procurando experiências cada vez mais conectadas e diferenciadas e que vão mudar a forma como elas se relacionam com seus carros, além de proporcionar uma experiência muito mais fluida e confortável para os usuários.

A tendência de interfaces automotivas é o primeiro passo de uma grande revolução que está por vir. Você tem alguma dúvida nisso? Vamos continuar essa conversa aqui nos comentários.